quinta-feira, 10 de abril de 2008

PMO - Escritório de Projetos

Existem muitos questionamentos sobre a efetividade do PMO, dificuldades na implantação, modelo de atuação e etc.

Desde outubro de 2007 faço parte da equipe de PMO de uma área da empresa e desde então participando ativamente de sua estruturação e tenho a contribuir com algumas, várias, lições aprendidas neste caminho.

Antes disto, vamos conceituar e nos outros posts, vou evoluindo a respeito do assunto. Tem um artigo que gosto muito:

Conceitos de Escritório de Projetos

Durante todo ciclo de vida dos projetos, vários problemas são enfrentados como estimativas insuficientes, falta de precisão de prazo e custo, dificuldade na seleção de pessoas apropriadas para atuar no projeto, falta de padronização na gestão dos projetos, dificuldade de re-alocação de pessoal conforme perfil para outros projetos, ausência de um histórico de projetos passados para melhor planejar projetos futuros, também chamado de “lições aprendidas”, falhas nos cumprimentos dos prazos e custos durante a execução dos projetos aliado a expansão do número de projetos desenvolvidos nas organizações, resultando em custo maior para a organização.

A concepção de Escritório de Projetos, também conhecido como Project Management Office – PMO, surge como uma resposta a essas questões. Estrutura indicada para organizações que trabalham com vários projetos, pois o custo de um PMO é bastante significativo durante a pré-implantação e pós-implantação, tornando-se inviável para organizações cujo volume ou impacto dos projetos não sejam tão significantes.

Segundo Prado , o PMO simplifica, facilita e aperfeiçoa o gerenciamento de projetos a um custo muito baixo, que tem se mostrado muito útil em empresas que tocam muitos projetos simultaneamente, aliviando o trabalho dos gerentes de projetos ao compartilhar a execução das tarefas de planejamento e acompanhamento, liberando tempo aos gerentes para “fazerem as coisas acontecerem”, ou seja, executar mais tranqüilamente, o projeto.

Baseado na argumentação de Santosus , o objetivo do PMO é fornecer padrões metodológicos aos projetos, ter responsabilidade nos processos de gerenciamento e possuir registros dos projetos mantendo a rastreabilidade entre eles.

Outro fator também defendido pelo autor é existência de um padrão, ou seja, garantir que projetos similares sejam executados seguindo caminhos semelhantes, além de possuir informações necessárias para adiantar ou atrasar um processo.

E além dos fatores citados acima, não se pode deixar de prover um processo de alocação de recursos e gerenciamento de capacitação de pessoal, assegurando que os projetos desenvolvidos sempre estejam alinhados com os planos operacionais e os objetivos estratégicos da organização.

A garantia da qualidade do projeto e o cumprimento de prazos também são atribuição do PMO. Segundo Prado , esta atribuição é exercida pelo “especialista no negócio e na metodologia”. Os planos de ação de cada projeto devem ser analisados para verificar se foram confeccionados conforme os padrões estabelecidos e também:

Se existe ligação clara entre a meta e o escopo do projeto;
Se existe ligação clara entre as tarefas do cronograma e o escopo do projeto;
Se as revisões estão sendo realizadas conforme planejado;
Se outros aspectos (análise de risco, auditoria, análise de fatores críticos de sucesso) estão sendo contemplados e acompanhados.
Segundo Prado , o exercício da garantia da qualidade do projeto é permanente. Também reforça que o cumprimento dos prazos é um outro fator que deve sempre ser seguido. Em cada reunião do representante do PMO com o gerente do projeto, são estabelecidas atividades a serem cumpridas em um determinado prazo, que na reunião seguinte, é feita uma verificação dos cumprimentos dos prazos e garantia da qualidade.

Durante dez anos, Kerzner pesquisou alguns benefícios reais com a aplicação do PMO nas organizações como as seguintes características:


Padronização de operações;
Processo de decisão envolvendo a organização como um todo e não apenas grupos localizados;
Melhor planejamento da capacidade (isto é, alocações de recursos);
Acesso mais rápido à informação de maior qualidade;
Eliminação de “panelas” dentro da organização;
Operações mais eficientes e eficazes;
Menor necessidade de reestruturação;
Menos reuniões que roubam tempo valioso do executivo;
Priorização mais realista do trabalho;
Desenvolvimento de futuros gerentes gerais.
De acordo com Dinsmore , o papel do PMO cresce nas organizações em função da explosão na quantidade de projetos, bem como a importância que novos projetos assumem na busca de metas empresariais. Já que a procura da prosperidade e própria sobrevivência das organizações dependem do portfólio de projetos bem-priorizado e bem-gerenciado, cabe ao PMO o papel de capitanear e facilitar as melhores práticas de gerenciamento de projetos para garantir o cumprimento de metas e a perpetuação da organização.

Conforme Hawald , outros fatores complementam a lista de Prado e Kerzner como redução de prazo, por motivo da melhor utilização dos recursos e uma maior redução nas alterações de escopo, que contribuiu para a redução do re-trabalho com a aplicação de procedimentos de validação do cliente antes do desenvolvimento.

Neste ramo destacam-se vários autores como Harold Kerzner, Paul Dismore, Kim Heldman, Stephen Hawald, Megan Santosus, entre outros, que fazem distinções entre o objetivo e o foco do PMO dentro das organizações. Dentre estas divisões, três delas são os pilares do PMO, como: Escritório de Projetos Consultivo, Estratégico e Operacional, os demais derivam destes três.

Conforme a declaração de Santosus , o Escritório de Projetos Consultivo tem como objetivo principal fornecer apoio metodológico aos gerentes de projetos para a condução dos projetos. E Segundo Hawald , o PMO tem a preocupação de divulgar as melhores práticas de gerenciamento de projetos por toda organização, além de acompanhar os processos padrões suportados pela organização. O PMO pode estar estruturado por áreas, como exemplo, o Escritório de Projetos explorado neste trabalho: Escritório de Projetos de TI. Prado defende que o PMO pode se envolver com outros setores da organização, tanto para obter serviços (por exemplo, com o setor de informática, ao solicitar o desenvolvimento ou aquisição de aplicativos para gerenciamento de projetos) como para influenciar no sentido de agilizar ou resolver conflitos que afetam os projetos. O PMO Consultivo auxilia na padronização de processos de gerenciamento de projetos, podendo ter influência nas atividades:

Padronizar (regulamentar) procedimentos e documentos;
Escolher ferramentas;
Escolher os softwares (pode ser feito junto com o Departamento de Informática);
Treinamento de toda empresa tanto no uso de recursos de informática como no uso da metodologia;
Suporte na elaboração de propostas
Em relação ao alinhamento estratégico, Dinsmore defende que o Escritório de Projetos Estratégico está alinhado com os objetivos estratégicos da empresa e não somente ligado a um departamento, mas refletido em toda organização, ou seja, este PMO está totalmente ligado à alta direção da organização. De acordo com Prado , as informações sobre o andamento dos projetos são fornecidas à alta administração (presidência, diretoria, gerente, etc) através das seguintes atividades:

Assessoria à alta administração relativamente aos projetos;
Assistir na contratação/escolha de gerentes de projeto;
Assistir na contratação de fornecedores externos;
Avaliar o desempenho dos gerentes de projetos;
Auxiliar no estabelecimento de políticas salariais para gerentes de projetos;
Auxiliar no estabelecimento da carreira do gerente de projeto;
Participar, junto com a alta administração, de reuniões com os principais acionistas ou com stakeholders (interessados ou envolvidos com o projeto);
Fornecer informações resumidas à alta administração sobre o andamento dos projetos.

Segundo Santosus , no Escritório de Projetos Operacional o gerente de projeto está dentro de seu projeto trabalhando para o cumprimento do projeto com sucesso, ou seja, o gerente de projeto faz parte do PMO e trabalha dentro do projeto, verificando se as melhores práticas estão sendo seguidas. A respeito do PMO Operacional, Prado assegura que a interação do PMO com os gerentes de projetos é intensa, conforme as atividades abaixo:

Assessorar o gerente do projeto;
Participar dos eventos de lançamento (kickoff) dos novos projetos;
Participar, junto com o gerente do projeto, das reuniões de avaliação inicial de risco e dos fatores críticos de sucesso, bem como do acompanhamento destes itens;
Participar, junto com o gerente do projeto, das avaliações de desempenho do projeto;
Participar, junto com o gerente do projeto, do encerramento do projeto (elaboração de documentação do histórico do projeto, etc)
E quando o PMO Operacional exerce papel de Auditor de Projetos, tem a função de efetuar fiscalização e auditoria dos projetos tocados pelos gerentes de projetos e efetuar auditoria dos documentos produzidos (proposta, etc).

O escopo deste artigo, como dito anteriormente, é a verificação dos benefícios efetivos, caso existam, que surgem como resultado de adoção, implantação e operacionalização de um PMO, tais como redução de prazo nos projetos, melhores estimativas e cumprimentos de custos, redução nas alterações de escopo, melhoria de qualidade, históricos de projetos antigos para melhor aperfeiçoamento futuro (“lições aprendidas”), além de um melhor gerenciamento de competências.

3 comentários:

Anônimo disse...

Simone, vc colocou uma visão geral muito esclarescedora a respeito do PMO. Estou desenvolvendo um artigo acadêmico para a minha pós (MBA em gestão de projetos), em que o mesmo trata sobre a viabilidade de soluções de escritório de projeto dentro das organizações. Algo como, o que é mais viável para a organização implantar o PMO, soluções in house ou outsourcing? Não tenho isso claro ainda, não achei material que fizesse essa abordagem e muito menos que explorem a terceirização do PMO. Enfim, se puder me indicar alguns links ou sites que falem desse assunto, vou ser muito grato.

É isso!
Obrigado pela atenção e colaboração.

Edmar Zatarin.

Simone L Cicerelli disse...

Edmar, desculpe a demora em responder mas está "out" por um tempo.
Na minha experiência em, inclusive, estruturação de um PMO, vejo como mais viável soluções "in house" lembrando que o fator fundamental para o sucesso é o apoio TOTAL da Alta Administração, caso contrário, não funciona. Ter um PMO deve fazer parte do Plano Estratégico da Organização.
Além disto, temos várias formas de atuação do PMO, por exemplo, ter um PMO centralizado e PMOs distribuídos nas áreas ou mesmo PMO dentro de cada projeto (este último também não aconselho a não ser que estejam muito claros os papéis e responsabilidades e que o PMO não reporte ao GP e sim o contrário)...
Enfim, espero ter ajudado de alguma forma. Existem muitas discussões filosóficas a respeito mas acredito que bem estruturado, agrega valor aos resultados dos projetos

Marcelo Passos disse...

Simone,
Parabéns pelo artigo.
É muito importante disseminar esses conceitos diante do crescente aumento dos projetos nas organizações, onde muitas não possuem essa maturidade.
Às vezes, soluções simples "In House", como padronização de processos e formulários, nos trazem uma enorme redução nos custos relacionados aos retrabalhos derivados dessa falta de organização/maturidade.

Um forte abraço!
Marcelo Passos